domingo, 13 de julho de 2008

GEOENGENHARIA x AQUECIMENTO GLOBAL

Geoengenharia pode desacelerar ciclo global da água

Por Anne M. Stark

À medida que aumentam as emissões causadas pela queima de combustíveis fósseis, a redução da luz solar que atinge a Terra poderia de fato ter um efeito de resfriamento sobre as temperaturas na superfície.



Projetos de geoengenharia

Entretanto, um novo estudo feito no Laboratório Nacional Lawrence Livermore, nos Estados Unidos, liderado pelo cientista Govindasamy Bala, mostra que essa manipulação intencional da radiação solar também poderá levar a um ciclo global da água menos intenso. Diminuir as temperaturas por meio da "geoengenharia" também poderá significar menos chuvas.

A redução na luz solar pode ser alcançada através de métodos de geoengenharia. Há duas classes desses métodos: o projeto chamado "sombra solar, que poderia suavizar as alterações no clima por meio da manipulação intencional da incidência da radiação solar sobre a superfície da Terra; enquanto a outra categoria inclui a remoção do CO2 atmosférico e seu seqüestro em vegetações terrestres, oceanos ou em formações geológicas profundas.

Projeto da sombra solar

No novo estudo de modelagem climática, que foi disponibilizado online antes da publicação, no site da Academia Nacional de Ciências, Bala e seus colegas Karl Taylor e Philip Duffy demonstram que o projeto de geoengenharia de sombra solar pode desacelerar o ciclo global da água.

O projeto de sombra solar inclui a colocação de refletores no espaço, injetando sulfato ou outras partículas reflexivas na estratosfera, ou melhorando a reflexibilidade das nuvens injetando núcleos de condensação na troposfera.

Quando o CO2 tiver dobrado, como se prevê que acontecerá no futuro, uma redução de 2% na luz do Sol seria suficiente para contrabalançar o aquecimento.

Sensibilidade hidrológica

Esta nova pesquisa investigou a sensibilidade da média global de precipitações chuvosas em relação ao efeito estufa e aos fenômenos solares separadamente para tentar compreender o ciclo global da água em um panorama de geoengenharia.

Enquanto a resposta da temperatura na superfície da Terra é a mesma para o CO2 e para os fenômenos solares, a resposta das chuvas pode ser muito diferente. "Nós descobrimos que, embora a sensibilidade possa ser a mesma para diferentes mecanismos de atuação, a sensibilidade hidrológica é muito diferente," diz Bala.

Ciclo global da água

A média global de chuvas aumenta aproximadamente 4% em resposta à duplicação do CO2 e cai 6% pela redução da luz solar, segundo a modelagem feita no estudo. "Como o ciclo global da água é mais sensível a alterações na radiação solar do que ao incremento no CO2, a geoengenharia poderia levar a um declínio na intensidade do ciclo global da água," diz Bala.

Experiências naturais
Um estudo recente mostrou que houve um decréscimo substancial na precipitação chuvosa sobre o solo e um decréscimo recorde nas correntes e nas chuvas sobre os oceanos em conseqüência da erupção do Monte Pinatubo, em 1991. As cinzas emitidas pelo Pinatubo mascararam uma parte da luz do Sol que atingiria a Terra e fez decrescer levemente as temperaturas, mas também diminuiu o ciclo hidrológico global.

"Qualquer pesquisa em geoengenharia deveria explorar a resposta de diferentes componentes do sistema climático a mecanismos de manipulação forçada," diz Bala.

Sombra sobre outros problemas

Por exemplo, diz o pesquisador, a geoengenharia da sombra solar não iria limitar a quantidade de emissões de CO2. Os efeitos do CO2 sobre a química dos oceanos, especificamente, poderiam ter conseqüências danosas para a vida marinha por causa da acidificação dos oceanos, que não seria mitigada pelo projeto de geoengenharia.

"Embora os projetos de geoengenharia mitigariam o aquecimento superficial, nós continuaríamos a ter que lidar com as conseqüências das emissões de CO2 sobre a vida marinha, sobre a agricultura e sobre o ciclo da água," conclui Bala.

Bibliografia:
Impact of geoengineering schemes on the global hydrological cycle Govindasamy Bala, Philip B. Duffy, Karl E. Taylor
Proceedings of the National Academy of Sciences
June 3, 2008
Vol.: 105 - no. 22 - 7664-7669
DOI: 10.1073/pnas.0711648105

Fonte: revistasustentabilidade.com.br

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