Todo o cidadão sabe que, no fim de cserto período de tempo, normalmente mensal, será "visitado" pelo funcionártio de alguma concessionária prestadora de serviço público, como energia elétrica, água, telefonia, gás.
O cidadão em questão, não por falta de informação ou descaso, mas por uma conjunção de fatores diversos, que explicarei mais adiante, terá sua paz e tranquilidade entregue à mercê deste funcionário, que naquela "visitinha" muito rápida, poderá decidir entre o inferno ou o paraíso.
E como o funcionário dessa concessionária tem esse poder?
Explico: ele carrega nas mãos, um sistema de coleta de dados, que tanto pode ser "analógico" (por exemplo: planilha preenchida à caneta) ou "digital" (coletores eletrônicos de dados"), que somente ELE opera naquele momento exíguo.
Como quase TODO o cidadão deste imenso País, nunca receberá um aviso antecipado desta "visita" mensal, mas ela ocorrerá, mesmo que haja algum cronograma de datas já definido e que não pôde ser cumprido à risca.
Esse funcionário, especialmente enviado à residência do usuário à serviço da concessionária, irá realizar o trabalho de coleta dos dados, que são as leituras dos vatômetros, hidrômetros ou qualquer outro dispositivo que lá esteja instalado, para medir alguma forma de consumo (excetua-se desta regra os telefones fixos, cujos "medidores" estão em posse das empresas de telefonia, invisíveis aos olhos do "consumidor").
Nada poderá "impedir" que esses dados sejan "coletados".
Teóricamente.
Podem ocorrer alguns percalços durante o fluxo normal das atividades programadas para este fim: fenômenos naturais (chuvas, tempestades, inundações etc...), greves, férias coletivas, falta de pessoal, falta momentânea de material, falta de transporte, de comunicação com as bases, etc...
O cidadão só terá certeza de uma coisa: faça sol ou chova "canivete", ele IRÁ receber PONTUALMENTE a devida cobrança, quer pela boca da caixa de correspondência ou pelo demonstrativo enviado pelo banco.
E é aí que pode começar o PARAÍSO ou o INFERNO.
Se aquele simpático funcionário, todo dedicado, cheio de sorrisos e boas intenções ( esse é que deve ser o resultado do treinamento recebido) pode, num momento de "distração" (e quem não se "distrai"?) trocar um 6 por um 9, coisa pequena, mas que se for na casa das centenas ou milhares....
A imprensa e os PROCONS da vida, estão abarrotados de casos assim.
O "inferno" ainda está longe, apenas começou a via-crucis do cidadão, que dependendo do caso, pode não ter tempo de começar a trilha-la e ir direto para o "INFERNO".
O caro leitor NÃO acredita?
Então clique nesta notícia:
http://www.espcovital.com.br/novo/noticia_ler.php?idnoticia=1146
E tem mais esta:
No Diário Gaúcho, do grupo RBS, de 01/04/2002, na pag 13, saiu a seguinte manchete, de Luciana Bemfica:"A água passou de R$28 para R$ 1.768"
A senhora Raquel Nascimento de Oliveira, moradora do Bairro Restinga Nova, em Porto Alegre, citada na reportagem, se assustou!
A conta foi gerada devido a um consumo anormal?
Teria sido um vazamento?
Ou será que foi uma "distração" daquele funcionário todo simpático e sorridente?
E haja "sola de sapato" (o cidadão vai ter que caminhar muito!) e "saliva" (muita, mas muiiiiita conversa!) para ser respeitado.
E a culpa jamais será admitida de imediato pela concessionária.
Já os advogados de plantão estarão ali, almas caridosas sempre à postos, na espera que o cidadão se "apresente" lamurioso, fraco...
Certamente eles vão ser atenciosos e compreensivos, quase "compartilhando da mesma dor" (quanta humanidade, quanto despreendimento....), ciosos do elevado "dever" de defender o "pobre" cidadão indefeso...
Comovente.
E quantas audiências, idas e vindas à fóruns, geralmente apinhados de reclamantes das mesmas queixas, uma espera interminável.
E sempre tem espaço para uma "taxinha" à mais no cartório.
-"É nota de expediente.", diz o advogado convicto.
No final, talvez uma sentença condenatória do réu (que na patição inicial ao juíz foi grifado em negrito o adjetivo "poderoso") deixará o cidadão "feliz", afinal a "justiça" foi feita!
Só que no mês seguinte, lá está novamente o "simpático" funcionário da concessionária, todo sorridente...
E como será o "PARAÍSO"?
O paraíso começa quando aquele "simpático" funcionário da concessionária inforna ao cidadão, que ele tem "algum" problema no consumo, que ele está "acima" da média, e até faz uma conferência da leitura apurada, instrindo-o a "revisar toda a instalação doméstica", que certamente "tem fuga em algum lugar".
Se o cidadão se rebela contra esta hipótese, o bem treinado funcionário tasca que "o senhor deve controlar o consumo combatendo o desperdício", etc..
Claro que resta ao cidadão, ante estas argumentações bem postas, curvar-se às circunstâncias e sair à cata de um "faz tudo" (faz elétrica, faz hidráulica, faz chover) que vai tranformar a residência do infortunado cidadão num canteiro de obras, esburacando e quebrando tudo, com a promessa de que, depois, vai ficar "tudinho nus trinque".
É claro que esse "faz tudo" vai jurar pela mãe morta (?) que "resorveu o pobrema".
E será que tnha algum "pobrema" para ser "resorvido"?
Acontece de que o incauto cidadão tem essa falsa impressão, quando recebe, de novo, a visita daquele mesmo "simpático" funcionário da concessionária, todo "sorridente", dando a boa notícia: não é que a leitura diminuiu mesmo?
O cidadão pode respirar aliviado: naõ sabe no que mirou, mas acertou em cheio!
E haja cumprimentos ao devotado e "simpático" funcionário da concessionária...
Até a oferta de um "casfézinho" é feita!
Mas o que ocorreu na realidade?
Qaundo o funcionário distraído digita ou anota uma leitura à maior, ocorre o estouro da conta naquele mês. Quando é feita a leitura seguinte e o consumo permaneceu o mesmo, esta terá que ser matemáticamente menor, dando a falsa impressão de que o consumo diminuiu.
As concessionárias sabem disso, e algumas até concedem benefícios de recálculo das cobranças emitidas, num processo denominado "acerto de leitura e consumo por leitura presumida" (que se trata da substituíção da leitura errônea por outra "acertada", por um cálculo proporcional ao período medido), mas essa avaliação não é automática, é subjetiva, e está afeita a uma série de circunstâncias, que vão compor o cenário em que esse fenômeno vai ocorrer.
Se a leitura é alta, e há indicador par débitoautomático em conta corrente, o usuário cliente terá essa valor debitado direto de sua conta corrente. Se há valores aplicados, estes serão baixados para cobrir o "rombo", e as perdas financeiras devido aos lucros cessantes....
Há ainda os cheques pré-datados, que vão pousando na conta do cidadão-cliente-usuário sem encontrar o lastro necessário para cobri-los....
Se não há indicador de débito automático, é mais "fácil" lidar com a situação: basta recusar a cobrança e encaminhá-la de volta à emitente. Ou ir pessoalmente aos guichês de atendimento "personalizado" protestar (em todosos casos é necessário a abertura de um protocolo para encaminhamento da reclamação).
Mesmo que o cidadão tenha sua queixa contemplada com algum veredito, poderá ter outra certeza: esta não será tão rápida, e o caso pode se arrastar até alguma vara judicial.
A solução é erradicar o hábito brasileiro de ser "desligado" dos "dinheiros" em geral; não dar vantagem ao acaso, que o azar cresce na falha da vigilância.
Montar uma planilha de leituras (diárias seria o ideal), observar o funcionamento do dispositivo de leitura (se possível, interar-se do funcionamento deste dispositivo), observar como foi instalado (se está dentro das normas técnicas), observar se o local de instalação oferece comodidade e facilidade para leitura e manutenção, controlar (e conhecer!) os funcionários "simpáticos" e "sorridentes" das concessionárias, etc...
Aprender que tudo deve ser meticulosamente controlado, e que por mais cansativo que isso possa ser, a tranquilidade e a paz de espírito não tem preço.
E quem sabe possa receber aquele "simpático" e "sorridente" com outros olhos...
domingo, 17 de agosto de 2008
Assinar:
Postar comentários
(
Atom
)
Nenhum comentário :
Postar um comentário