domingo, 17 de agosto de 2008 - 13:25
O cangaço foi um movimento social que durou cerca de 40 anos e percorreu sete estados nordestinos. Hoje, o tema ainda provoca demonstrações de amor e ódio, principalmente nas cidades por onde passou um de seus maiores ícones, Virgolino Ferreira da Silva, conhecido como Lampião. Criado entre 1908 e 1912, segundo registros de historiadores, o cangaço existiu até 1940.
Há quem diga que os cangaceiros ditaram moda, arrebanharam fiéis, seguidores e viraram ídolos das mulheres sertanejas. Muitas delas seguiram o grupo e se casaram com alguns deles, como Maria Bonita, que conheceu Lampião na casa de seus pais e seguiu com ele pela caatinga nordestina dias depois de se separar de seu primeiro marido, conhecido como Zé de Nenê.
Alguns pesquisadores dizem que Lampião circulou apenas pelo sertão, mas outros afirmam que os cangaceiros deixaram pegadas pelo agreste. O certo é que Lampião não foi o criador do cangaço, mas sim Sebastião Pereira da Silva, o único chefe do Rei do Cangaço, conhecido como Sinhô Pereira.
“Não há uma definição exata sobre o que foi o cangaço. Uns participaram por vingança, outros porque acharam bonito e também por ideologia. As mulheres achavam os cangaceiros bonitos, gostavam da ostentação de ouro, das jóias que usavam e do dinheiro que tinham”, disse João de Sousa Lima, historiador especializado em Cangaço.
Vingança?
Antonio Vilela de Souza, membro do Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (Sbec), também não encontra definições para descrever o que foi o cangaço, mas é incisivo em dizer que não se trata de um movimento social com objetivos políticos.
“Também não foi por vingança, porque dizem que Lampião entrou no cangaço para vingar a morte do pai, assassinado por José Lucena. Se fosse para vingar, não teria feito um acordo, em 1930, com o próprio Lucena para proteger a família dele.”
"Muitas pessoas falam que Lampião foi bandido, outros dizem que ele foi herói, uma espécie de Hobin Hood brasileiro. A verdade é que não é possível afirmar nem uma coisa e nem outra", disse Lima.
Há 223 anos
Vilela ainda levanta outra polêmica. Ele é um dos historiadores que afirmam ter sido em 1775 que o cangaço foi criado. “Há registros de que José Gomes, conhecido como Zé Cabeleira, tenha iniciado o cangaço em Vitória de Santo Antão (PE). Ele teria disseminado a violência por onde passou.”
Lampião chegou a comandar cerca de 200 homens. “Os grupos chefiados por ele eram subdivididos. Os principais líderes abaixo de Lampião foram Corisco, Ângelo, Português, Zé Sereno e Virgílio. Os grupos sempre cresciam e tinha até quem seguia os cangaceiros porque passavam fome em casa.”
Vilela explica que o cangaço existiu de três maneiras distintas. A primeira foi por vingança, a segunda por ser opção de meio de vida, e a última como refúgio das mazelas do trabalho na roça.
Mortes de Lampião e Maria Bonita
Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião, e Maria Gomes de Oliveira, a Maria Bonita, foram mortos em 28 de julho de 1938. Eles foram assassinados na Grota de Angicos, em Poço Redondo (SE), durante uma emboscada montada pela volante (polícia da época). Os dois se tornaram mitos da história brasileira.
No confronto, outros nove cangaceiros foram mortos. São eles: Quinta-Feira, Luís Pedro, Mergulhão, Elétrico, Enedina e outros quatro que ainda permanecem desconhecidos, segundo o pesquisador Antônio Amaury Corrêa. Todos tiveram suas cabeças cortadas e expostas como troféus na escadaria onde hoje funciona a Prefeitura de Piranhas (AL).
Fonte: G1
domingo, 24 de agosto de 2008
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